NA MOCHILA DE ALEH: Primeiros passos no Catar: o que você precisa saber para começar a planejar sua viagem.

Confesso que sempre fui, e ainda sou, fascinado por países “diferentes”, de território pequeno, cultura que destoa da minha, onde a segurança e modernidade caminham lado a lado. Em virtude de tudo isso, minha terceira viagem para Ásia ficou ainda mais especial por conta de uma pequena parada no Oriente Médio para visitar Doha, capital do Qatar, um dos países mais ricos da região e que teve uma grande ascensão depois de sua independência em 1971. Valeu muito a pena passar alguns dias nesse país mulçumano, tanto pela sua beleza e modernidade quanto para que alguns preconceitos meus pudessem ser quebrados.

Orla de Doha

Centro financeiro de Doha

Pensando em visitar o Catar, em especial Doha? Anote essas dicas e aproveite ao máximo esse pequeno país do Golfo Pérsico.

1º Idioma: a língua oficial do país é o árabe, no entanto, nas áreas de turismo e maioria dos restaurantes o inglês é falado, até mesmo os vendedores do mercado central (Souq Waquif) conseguem compreender e se comunicar muito bem em inglês, logo, não há tanto empecilho assim no quesito comunicação. Muito também em virtude da grande quantidade de imigrantes no país, um contingente considerável de asiáticos em geral, se espalham por lá e ocupam muitos postos de emprego.

Mercado Souq Waquif

2º Moeda: a moeda corrente é o Riyal, quase parente da nossa, tanto pelo nome, quanto pela cotação, que em dezembro de 2015 estava praticamente equiparada ao Real, quase um para um, o que favorece muito na hora da conversão rápida para saber se determinado produto é viável ou não. Como faço quase sempre, optei por efetuar um saque diretamente da minha conta corrente na moeda local, mesmo pagando IOF de 6,38%. Tive um certo receio de não encontrar locais de câmbio facilmente, e de fato não vi, talvez tenha sido por que não havia mais a necessidade de fazer a troca.

Cédulas da moeda catari - Ryal

3º Segurança: talvez os homens em seus trajes típicos (túnica branca e turbante) ou as mulheres vestidas de preto da cabeça aos pés com seus abayas, niqabs, hijabs ou burqas tragam a ideia de insegurança, visto que tudo isso é bem diferente da nossa cultura e já nos remete ao extremismo islâmico que muito ouvimos falar e nos chocamos nos últimos anos. Todavia, o que senti no Catar foi uma segurança sem igual, caminhei muito pelas ruas de Doha durante o dia e também a noite, e em todo o tempo estava sozinho.

Orla de Doha ao cair da noite

De dentro do Dohabus

Mas vale ressaltar que alguns cuidados devem ser tomados, principalmente as mulheres que viajam desacompanhadas:

* Não fixe muito seu olhar nas pessoas;

* Homens não devem pedir informações para mulheres nas ruas;

* Jamais comprimente pessoas do sexo oposto com aperto de mãos;

* Não fotografe pessoas sem permissão, especialmente idosos, militares e mulheres sem os trajes nacionais;

* Bebidas alcoólicas em locais públicos são proibidos, principalmente para os Cataris;

* Mulheres devem evitar roupa colado ao corpo, transparentes e curtas.

Mulheres em trajes típicos

Pela orla de Doha

4º Alimentação: minha experiência com a culinária local não foi muito grande, confesso que não sou muito fã de me arriscar em pratos típicos, onde comi algo um pouco diferenciado foi no café da manhã do hotel. Para aqueles que comungam dos mesmos hábitos que eu, você não enfrentará problemas no Qatar, a cozinha internacional está presente em quase todos os locais, até mesmo no tradicional Souq Waquif a quantidade de restaurantes internacionais é muito grande, sem contar com as redes de fast food dos mais variados tipos. Uma refeição em um restaurante simples fica por volta de QR40,00 e um fast food por cerca de QR20,00. Encontrei até mesmo a cafeteria canadense Tim Hortons em um shopping, foi a primeira vez que vi a rede fora do Canadá.

Café da manhã no hotel

Mesa posta para o jantar

Pizza gigante de Doha

Área dos restaurantes próxima do Souq Waquif

5º Transporte público: não utilizei o serviço de transporte público de Doha, caminhei a maior parte do tempo e usei o ônibus de turismo (Dohabus) para explorar a cidade, mas pelo que percebi, as linha de ônibus funcionam bem e em horários regulares, com pontos de ônibus bem identificados e mapas das rotas dos mesmos, não me pareceu ser difícil de utilizar. Algo que vai melhorar muito a locomoção por lá nos próximos anos será o metrô, o mesmo está em construção, medidas já para a copa de 2022. Por falar nisso, a cidade inteira parece um canteiro de obras, para todos os lados se vê construção, o país em franco crescimento e modernização para o evento.

Parte do trajeto no Dohabus

Rotas no ponto de ônibus em Doha

Informações das paradas e horários dos ônibus

O Catar em franca construção

6º Vistos: essa é a parte mais chatinha de se visitar o Catar, a mais cara também, afinal de contas, brasileiros precisam de visto para entrar no país. Até ai, tudo bem, o que piora um pouco a situação é o fato desse visto só poder ser emitido por agências de viagens e alguns hotéis de Doha, a sua maioria de quatro ou cinco estrelas. Sendo assim, diga adeus àquela hospedagem favorita dos mochileiros e prepare o bolso para esse “luxo”, que por sinal, vale muito a pena.

Piscina do Mercure Hotel

Quarto do Mercure Hotel

Depois de tanto pesquisar os hotéis que faziam o serviço de emissão do visto, eu consegui uma promoção razoável da rede Accor Hotels, consegui reservar duas diárias no Mercure Grand Hotel Doha City Centre por R$320,00. Em seguida entrei o contato com o pessoal do hotel, eles me mandaram os formulários que foram preenchidos por mim, escaneados e enviados novamente para eles, alguns dias depois eu recebi no e-mail o visto que só precisava ser impresso e apresentado na chegada ao país. Por este serviço paguei cerca de QR300,00 e com cartão de crédito, o processo em si não foi nada burocrático, mas essa é uma forma um pouco inusitada para nós obtermos visto, pelo que pesquisei, nos Emirados Árabes algo parecido acontece.

Visto para o Qatar - informações omitidas

7º Clima: minha viagem aconteceu no período de temperaturas amenas no Catar, a máxima não passou do 20º em nenhum dos dias, bom para explorar a cidade, ruim por não ser a melhor época para aproveitar a piscina do hotel. Em nenhum dos três dias choveu, o sol abriu diariamente e até fazia um frio agradável, perto do meio dia o calor subia e no fim da tarde esfriava bastante.

Algo bem diferente acontece entre os meses de maio a outubro, principalmente julho e agosto que é quando a temperatura passa facilmente dos 40º e com sensação térmica ainda mais elevada devido a zona desértica na qual o país se encontra, período também no qual a chuva não dá as caras de jeito nenhum.

Pelas ruas ensolaradas de Doha

Pôr do sol no Golfo Pérsico

8º Onde Fiquei: como disse acima, meu hotel em Doha foi o Mercure, localizado numa região central e muito perto de diversas atrações, a principal delas o Souq Waquif, por onde passei todos os dias, gostei bastante. Os arredores do hotel não é nada atrativo, visto que para todos os lados que você olha tem um canteiro de obras, então o barulho é grande, assim como a poeira e também imigrantes de todos os cantos estão passando por ali, a primeira vista pode até parecer um pouco inseguro, mas não vi nada acontecer, e as construções funcionam praticamente dia e noite a fio.

Área em frente ao Hotel

A estrutura do hotel também não esta lá essas coisas em se tratando de um Mercure, mas é extremamente confortável, principalmente para mim, acostumado com hostels e hotéis de baixo custo. O café da manhã, incluído na minha diária, é espetacular, eu praticamente almocei todos os dias no horário do café.

Mercure Hotel Doha - quatro

Mercure Hotel Doha - banheiro

Duas coisas me deixaram bem satisfeito com o serviço desse hotel, a primeira delas foi a simpatia dos funcionários e a outra foi me permitirem fazer check-in às sete da manhã, além de no último dia guardarem minha mochila grande após o check-out para que eu aproveitasse um pouco mais de Doha. Por esses motivos eu recomendo este hotel, tanto o atendimento via e-mail como pessoalmente pesou bastante para minha satisfação.

Mercure Hotel Doha - café da manhã

Mercure Hotel Doha - área externa

9º Onde Fui: costumo dizer que ao viajarmos sozinhos o receio acaba nos limitando em fazer algumas coisas, até mesmo de aproveitar as atrações de um país. Algo parecido aconteceu comigo em minha primeira experiência numa nação mulçumana. Dessa forma, optei por fazer boa parte do meu roteiro baseado num tour do Dohabus, o ônibus turístico da cidade. A bordo dele e com longas e agradáveis caminhas eu pude conhecer o mercado Souq Waquif, a ilha artificial The Pearl, o centro financeiro West Bay, Musuem of Islamic Art, Mia Park, Corniche (calçadão à beira-mar) e muitos outros locais que uma caminhada pode revelar. Na próxima postagem falo um pouco mais sobre cada uma dessas atrações.

Ilha artificial - The Pearl

Corniche - a orla de Doha

Chegada do Dohabus ao ponto - em frente ao Museum of Islamic Art

10º Saindo do aeroporto: cheguei a Doha com a Qatar Airways num voo de quase dez horas partindo de Cingapura. Não quis arriscar, como as informações sobre como sair do aeroporto não eram tão grandes assim na internet, eu decidi contratar um transfer com o hotel no qual ficaria, sem contar que meu voo chegou as cinco da manhã no Catar.

Jantar no voo da Qatar Airways

Depois do processo de imigração eu sai pelo saguão do aeroporto e lá estava um homem com uma placa e meu nome escrito nela, alguns minutos depois eu chegava ao hotel. Na saída do país eu fiz a mesma coisa, contratei outro transfer com a recepcionista e agendei horário para irmos ao aeroporto, por este serviço paguei QR30,00 cada trecho e achei muito válido, saída e chegada sem estresse algum.