quinta-feira, 17 de julho de 2014

Alguns dias em Santiago

Desde que desembarquei em Santiago vindo pela Aerolíneas Argentinas eu percebi que estava em uma cidade muito especial e que está tão perto de nós, só lamentei pelo roteiro já estar fechado e não ter possibilidade de mudanças, ou seja, só seriam mesmo dois dias e meio para explorar toda essa bela cidade. 

Vista dos Andes Chilenos na chegada
Centro de Santiago
Se chegar sem moeda local só faça o câmbio no aeroporto para o taxi e primeiras despesas, no centro, em uma das ruas que dá acesso à Plaza de Armas tem inúmeras casas de câmbio confiáveis e com cotações bem diferentes, pesquise bastante. Só fiz câmbio no aeroporto de R$ 200,00 (198 pesos para R$ 1,00) e no centro encontrei a melhor cotação por 223 para R$ 1,00.
Hospedados no Residencial Londres bem perto do centro e de uma estação de metrô que nos deu acesso a muitos ponto da cidade de forma rápida, mas o bom mesmo é andar pelas ruas, costumo dizer que a melhor forma de se conhecer uma cidade é caminhando por ela. A passagem pela Plaza de Armas é obrigatória, lugar lindo com construções muito bonitas e boa parte da agitação da cidade está nos seus arredores. A visita ao museu de História Natural de Santiago não podia faltar também, e o melhor de tudo é que ele está localizado em uma aérea de um belíssimo parque.  

Museu Nacional de História Natural
Parque nas imediações do museu
Parque nas imediações do museu
Assim que puder passe em um supermercado e compre água em garrafas maiores, a economia é muito grande, paguei $750 pesos nas garrafinhas de 600 ml pela rua e comprei a de 5 litros por $1.000 pesos no supermercado. As empanadas do Chile são simplesmente deliciosas, se o orçamento estiver apertado essa é uma excelente pedida para os lanches e refeições, em qualquer padaria se comprar por preços muito bons e diversos sabores, comi muitas. 
Santiago é uma capital bem organizada, arborizada e muito bonita, mas o calor é intenso, nesse dia por volta das 19:30 da noite o termômetro apontava 40 graus e só começa a anoitecer depois das 19:30 no verão.

Centro de Santiago
Centro de Santiago

Devido a ter pouco tempo em Santiago e até os dias de hoje lamentar por isso, decidi que conheceria a cidade através de um sistema de city tour, nesse caso chamado de Santiago hop on hop off. Aquele esquema de ônibus que atravessa a cidade e para nos principais pontos, você pode subir no ônibus a partir das nove e ficar nele até as 18:00, descer em qualquer parada que quiser, conhecer aquela região e depois voltar ao ônibus e seguir viagem, um novo ônibus passa por cada ponto de meia em meia hora, além disso, no ônibus tem uma gravação que vai contando a história de cada lugar da cidade, tanto em espanhol quanto em Inglês.
Fiz da seguinte forma: peguei o ônibus na parada próxima de onde estava hospedado e fiquei nele até passarem todas as paradas, depois do almoço fui parando nos ponto que tinha achado mais interessante na primeira passagem. O Bairro Bellavista, Plaza da Moneda, Cerro Santa Lúcia, Shopping, Mercado Central e a região das Universidades são os pontos que recomendo para se ter uma visão geral da cidade, apesar de ser no esquema city tour, recomendo esse passeio se você tiver pouco tempo em Santiago.

Plaza da Moneda
Vista do Cerro a partir das ruas do centro
No último dia em Santiago fui ao Cerro Santa Lúcia que estava fechado no dia anterior pois já passava de 18:00 quando lá estive, apesar de partir para o sul (Los Angeles) em um ônibus (Turbus) que sairia às 10:30, tive tempo suficiente para visitar o Cerro, pois havia adiantado o café da manhã e o processo de check-out, entrada gratuita e funcionários muito gentis, infelizmente não pude ficar mais do que uma hora e meia, acho que meio dia seria o tempo ideal para fazer uma visita bem feita. Fiquei impressionado com lugar daquele bem no coração da cidade, na parte mais alta se consegue tirar fotografias muito boas de Santiago. 

Entrada do Cerro Santa Lúcia
Cerro Santa Lúcia
Vista do Cerro Santa Lúcia
Me despedindo de capital Chilena tive que encarar 6 horas até Los Angeles, lá alguns novos amigos residentes no Chile estavam a espera. Trajeto muito bom em um ônibus bem confortável com direito a lanche no trajeto vem em uma caixinha como se fosse lanche de avião. As estradas são extremamente bem sinalizadas e sempre duplas, em muitos trechos nem vi a rodovia que estava no sentido oposto, além de tudo os ônibus são muito pontuais, tanto na saída quanto na chegada.
No mesmo dia, só que à tarde, fui com os amigos de Los Angeles  para conhecer as quedas d'água de Saltos del Lajas, nada de impressionante mas curti muito passar por lugares que dificilmente eu poderia ter previsto em meu roteiro. Assim como aconteceu no dia seguinte quando conhecemos Concépcion e o bonito campus da universidade de lá e outras cidades menores próximas a Los Angeles, muitas delas que sofreram com o terremoto e tsunami de fevereiro 2010 - Yumbel, Penco, Dichato e Tomé.  Impressionante como o terremoto e tsunami foram devastadores nestas cidades, mas a força de vontade dos moradores em reconstruir o que foi perdido era passível de ser notada todo o tempo.


Saltos de Laja
Entrada da Universidade de Concépcion

Litoral de Dichato
Dúvidas, sugestões, correções, etc é só escrever nos comentários.
Até breve pessoal!
Aleh. 

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Por culpa da Patagônia

Viajar e conhecer novos lugares seja talvez um entre os cinco maiores desejos das pessoas, sem sombra de dúvida é o meu também. A busca do desconhecido, a ansiedade nos dias que precedem a viagem e a maravilhosa sensação de ter suas expectativas superadas ao chegar no local que tanto desejou, faz de uma viagem algo que deixa lembranças marcantes. De alguns meses para cá (18 meses para ser mais exato), as viagens deixaram de ser simplesmente por diversão e passaram a ser como um estilo de vida e quem sabe até como trabalho, nesse período me recordei que ainda quando estava no ensino médio, com 16 ou 17 anos, eu pensava em prestar vestibular para o curso de Turismo, mas achava que era o ímpeto da adolescência e uma maneira simples de ganhar a vida, unindo o útil ao agradável. Fato é, que de uma forma ou de outra, algumas coisas em nossas vidas cedo ou tarde aparecem.
A busca pelo novo começou em 2009, ainda aos 23 anos, recém graduado em Biologia e iniciando no mercado de trabalho da minha área tive a oportunidade de ir ao Japão, um amigo estava cursando mestrado por lá e foi um momento bem propício. Mas sabe como é, grana curta e recém saído da faculdade não pude me dar ao luxo de aproveitar a trip como se deve fazer, sem contar que fazia minha primeira viagem internacional para um destino um tanto quanto exótico e bem caro por sinal. 
Não preciso nem dizer que a viagem foi excelente, um pouco longa, em todos os sentidos, afinal de contas foram quase trinta horas de voo (Porto Seguro - Guarulhos - Paris - Nagoya com a TAM, Airfrance e JAL) e uma estadia de quarenta dias em terras nipônicas. Felizmente com acomodação não precisei me preocupar, afinal de contas meu amigo morava em um apartamento alugado por ele na província de Shiga-ken, bem próximo a Kyoto, além disso, tive a oportunidade de fazer um estágio com ele no Centro de Pesquisas Ecológicas (CER) da Universidade de Kyoto, ele estudava sobre ciclagem de nutrientes e interações destes com plantas e animais, algo bem interessante.
Entrada do CER
Estágio no CER
Kyoto University
Mesmo com a falta de grana, orçamento apertado e viagens internas limitadas foi possível conhecer muita coisa, ao todo foram seis províncias (Shiga, Nara, Hyogo, Osaka, Aichi e Kyoto) e as cidades de mesmo nome com exceções a Aichi onde estive em Nagoya, Hyogo onde fui para Kobe e Shiga que tive oportunidade de visitar a Uji, Takashima, Otsu, Hikone e Shigaraki, cidades pouco conhecidas, mas de beleza ímpar e que fizeram de minha passagem pelo Japão inesquecível.
Templo de Kinkakuji em Kyoto
Osaka Castle
Porto de Kobe
Templo de Todaiji em Nara
Depois do Japão veio um hiato bem grande para outra viagem internacional, e novamente, sem grandes pretensões, surgiu a Patagônia através do convite de uma colega de trabalho que estava planejando ir em janeiro de 2013, convite aceito e começamos a planejar, por motivos pessoais ela teve que desistir de viajar alguns dias depois, ou seja, o planejamento e todo o resto ficou por minha conta, visto que nosso terceiro companheiro de viagem não curtia nem um pouco essa parte das aventuras. De fato, acabei tomando gosto por preparar roteiro, fazer reservas e tudo que envolve uma viagem longa e com grandes deslocamentos. Estava certo, antes mesmo de partir, que a viagem à Patagônia me traria consequências para o resto da vida.
Roteiro pronto e tudo previsto, parti rumo à vida de mochileiro, como a intenção era fazer a Patagônia tanto no Chile como na Argentina, eu e meu amigo começamos por Santiago e descemos até o extremo sul. A parada seguinte foi em Los Angeles onde três amigos nos esperavam para mostrar mais da região, em seguida Puerto Montt de lá para Punta Arenas, último destino no Chile. Atravessando a fronteira pelo Estreito de Magalhães chegamos a Ushuaia na Argentina onde me dei conta de que a vida de mochileiro era de fato algo que deveria fazer parte da minha vida a partir de então. De Ushuaia partimos para El Calafate e de lá El Chaltén e por fim Torres del Paine, até que chegou a hora de voltarmos depois de mais de 20 dias, muito chão e aventuras que trouxeram marcas indeléveis.
 
Santiago vista do Cerro Santa Lucía
Pinguineira de Seno Otway em Punta Arenas
Ushuaia vista do Canal Beagle
Laguna Nimez em El Calafate
Glaciar Perito Moreno em El Calafate
El Chálten
Torres del Paine
O mais interessante dessa viagem para a Patagônia é que se trata de um destino visitado por pessoas do mundo inteiro, logo, a chance de ter acesso a culturas tão distintas foi sem dúvida um fator preponderante para que eu quisesse repetir essas peripécias cada vez mais. O clima de um hostel, as tentativas de sucesso e por vezes frustradas de se comunicar com as outras pessoas, as paisagens inimagináveis de cada lugar, tudo isso deixou muito claro para mim que ainda tinha muito lugar para ir, muita gente para conhecer e muito roteiros para elaborar. Já na viagem de volta eu estipulei algumas metas: a primeira seria de fazer uma mochilada internacional pelo menos uma vez por ano; a outra era a de que a próxima viagem deveria ser para um intercâmbio, afinal de contas, com meu inglês do tipo "by the book" não seria possível conhecer muito do que o mundo tem a oferecer, já estava certo de que no fim de 2013 eu iria ficar 1 mês no Canadá para melhorar um pouco o idioma e por fim, o retorno ao Japão teria que ser muito em breve (final de 2014) para que eu pudesse refazer e fazer tudo que não fiz e que meu âmago, desde 2009, clama para que eu faça.
Hoje, ao escrever esse post, pois decidi que escreveria sobre aquilo que talvez seja o que mais gosto de fazer da minha vida atualmente, percebo que estou cumprindo minhas metas na medida do possível: o intercâmbio já ocorreu, as passagens para o Japão no final do ano já estão compradas, mas não sabia que muitas surpresas iriam surgir neste período. Minha primeira meta de uma viagem internacional por ano não foi suficiente, o desejo de conhecer e me conhecer ainda mais quase me deixa um compulsivo por viagens, nesse meio tempo já veio Estados Unidos, a menos de dois meses o Peru e dentro de mais alguns dias embarco para o México, mas tudo isso é assunto para outros posts, por que esse já foi longe demais...
"Apenas começamos".
Aleh.