sexta-feira, 12 de junho de 2015

Nagasaki: onde os terrores da guerra deixaram tristes lembranças, lindas homenagens e duras lições

Descendo um pouco mais para o sul do Japão, chegou a hora de ver o outro lado do terror da II Guerra Mundial, confesso que a vontade de ir a Nagasaki sempre foi maior do que Hiroshima, o motivo até hoje eu não sei. Mas o lugar é longe, o mais difícil de chegar em toda a minha viagem e como não tem shinkansen direto para lá, tive que descer em Hakata e de lá pegar uma linha local, a Kamome Line, que apesar de ser um trem na modalidade expresso, era bem mais lento. No total, partindo de Hiroshima, foram mais de três horas de viagem e para quem esperava uma cidade grande, como Hiroshima, teve que se contentar com um lugar bem mais modesto, com traços de interior mesmo, mas com muita história, excelente receptividade do povo e que me proporcionou um dos momentos mais comoventes da minha vida, conto como foi logo abaixo.

Pelas ruas de Nagasaki
Como disse, a cidade não é grande, em 1 dia você consegue visitar aquilo que quase todos que passam por ali desejam conhecer, as construções em homenagem às vítimas da guerra, assim como o que sobrou de tudo. Para isso, você precisa “voltar” uma estação, pois o Peace Park de Nagasaki fica próximo da estação de Urakami, que antecede Nagasaki Station, mas se quiser pode ir caminhando por cerca de 20 minutos e aproveitando para conhecer um pouco mais da cidade, foi assim que fiz na volta.

Peace Park de Nagasaki
A área do Peace Park é extremamente bonita, gostei mais do que em Hiroshima, talvez pelo fato da cidade não ser tão moderna como lá, achei que combinou mais com o estilo de Nagasaki. Primeiro passei direto pelo Atomic Bomb Museum e fui para o local do Hepicentro da Bomba Atômica, onde tem uma lápide negra indicado o local exato que a bomba caiu, a região no entorno desse hepicentro é muito bonita e na lateral direita tem um a escada que mostra qual era o nível do solo naquela época contrastando com o que é hoje e o quanto precisou ser aterrado. Nessa região tem muitas estátuas, pequenos templos, áreas verdes, escadas e pontes, tudo com uma beleza ímpar, mas especialmente triste.

Hepicentro da Bomba Atômica
Hepicentro da Bomba Atômica

Peace Park de Nagasaki
Depois segui para a bela Fonte da Paz, que representa o grande problema que eles tiveram para conseguir água limpa para o consumo depois que muitos foram queimados pela radiação da bomba, em seguida passei por um belo jardim com muitas estátuas e esculturas doadas por vários países em memória às vítimas e em forma de protesto e luta pela paz mundial, no final do jardim está a Estátua da Paz, gigantesca e em clamor pela paz entre todas as nações, raças e credos. Outro detalhe é que a estátua está numa estrutura cercada pela água, o movimento dela faz um barulho que te deixa em outra realidade e te faz refletir em tudo que aconteceu e no quão pequenos nos somos diante até mesmo de nosso própria ignorância e presunção.

Fonte da Paz - Peace Park Nagasaki
Peace Park Nagasaki
Peace Park Nagasaki
Estátua da Paz no Peace Park de Nagasaki
Fui extremamente afortunado nessa visita, o ataque à cidade de Nagasaki aconteceu no dia 09 de agosto de 1945, exatamente às 11:02 da manhã, e enquanto caminhava no parque ouvi de repente uma música tocar nas pequenas caixas de som que estão espalhadas, quando olhei no relógio me dei conta de que aquela era a hora exata do bombardeio anos atrás, e que essa música, tocada nesse 1 minuto todos os dias, faz menção às vidas perdidas naquele dia, muitas naquele mesmo instante, difícil conter as lágrimas, a emoção. Na verdade chorei de soluçar pela tristeza da guerra, e pelo fato de poder estar num local tão especial exatamente naquele instante. Se eu já gostava do Japão e admirava essa nação, tudo mais que eu vi neste país nessa segunda passagem só serviu para consolidar esse sentimento inexplicável que tenho por este lugar. 

Peace Park Nagasaki
 
Recobrado dessa emoção, fiz o caminho de volta e agora entrei no Museu da Bomba Atômica, mais uma vez muito triste e em muitos momentos não chorar e difícil. Artefatos restantes do ataque, vídeos, informações e depoimentos da época, enfim, tudo reunido para que possamos aprender com nossos erros e viver em paz de uma vez por todas. O museu não é tão grande quanto o de Hiroshima, o que torna a visita ainda mais interessante e devido a menor quantidade de turistas, é possível aproveitar bem mais.

Atomic Bomb Museum
Atomic Bomb Museum
Atomic Bomb Museum
Na saída do museu tem um Hall em memória as vítimas da bomba atômica construído em vidro esverdeado e com água por todos os lados que dá um efeito muito interessante na obra, ele começa no nível da rua e desce muitos metros para o subsolo, deixando o local meio sinistro, mas é uma obra de arte bem interessante. A noite, com as luzes acessas o espetáculo é ainda mais bonito, e na parte alta desse complexo tem um pequeno mirante que da pra ver o Peace Park todo e um bom pedaço da cidade de Nagasaki.

Atomic Bomb Museum Hall
Atomic Bomb Museum Hall
Talvez Nagasaki foi uma das cidades japonesas que mais tenha sofrido influência da religião católica e dos estrangeiros, prova disso são as construções bem destoantes do estilo japonês que podemos ver por lá, além de muitas igrejas, a mais famosa delas a Urakami Cathedral.

Na cidade você ainda pode visitar muitos templos que estão espalhados por toda a parte, museus dos mais diversos tipos, parques, pontes históricas, bairros tradicionais como o holandês e o chinês, algumas ilhas próximas e as belas praias de lá, fora do inverno claro. Infelizmente meu tempo em Nagasaki foi curto, mas muito proveitoso, principalmente pela visita à região destinada às vítimas da guerra, na volta, o sentimento de poder ter tido mais tempo contrastava com o de sonho realizado e de dever, da minha consciência, cumprido.


Vista de Nagasaki do mirante Atomic Bomb Museum
Até a próxima!! Aleh..


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